sábado, 31 de março de 2012

Cobaia

00:37 a.m. Com a cabeça debaixo do travesseiro, começo a bater a ponta dos dedos no colchão, cada vez mais forte. Paro. Jogo o travesseiro longe e levanto. ARGH! Minha cabeça tá um caos, um turbilhão de pensamentos de uma só vez me deixam cada vez mais perturbada. "Preciso fazer alguma coisa, preciso fazer alguma coisa, vai, pensa..." Então pego o notebook e me encontro agora no tempo presente, relatando o que aconteceu instantes atrás.


Analisando a situação superficialmente, até parece um acontecimento banal de se ocorrer a qualquer jovem ou adulto. Entretanto, quem adentrar na história vai, no mínimo, ficar surpreso. Eu sei que não estou na pele de outras pessoas para dar a certeza absoluta de eu ser totalmente diferente, porém, eu sei que sou. Muito diferente.


Por sofrer de alguns distúrbios, como depressão, ansiedade, déficit de atenção e hiperatividade; e em um grau às vezes crítico, preciso recorrer a remédios. E está aí o problema de toda a minha odisseia. Passou-se um ano e não consegui me adaptar perfeitamente a nenhum medicamento. Ganhei de brinde efeitos colaterais em todos - uns bem desagradáveis, que intensificavam os meus problemas ao invés de amenizá-los e outros até bem interessantes, como se eu estivesse sob o efeito de drogas.


Desde então sempre volto do neurologista com uma receita médica diferente. E, consequentemente, uma Eu diferente. Cada remédio que eu tomo parece me fazer olhar o mundo de uma certa perspectiva. Às vezes sinto raiva, às vezes sinto carência, às vezes sinto angústia, às vezes simplesmente não sinto. No momento, por exemplo, estou ansiosa e nervosa por não conseguir dormir sem razões específicas. O único motivo, na verdade, é a minha mente parecer um ônibus em horário de rush numa metrópole em dia de greve rodoviária.


Concluí comigo mesma que o ponto final para esses passageiros descerem seria no mundo da escrita. Se eu organizasse toda a galera aqui, talvez minha cabeça/ônibus ficasse mais vazia. Mas, infelizmente, não está funcionando. Não consigo pensar em alguma solução para esse problema no momento; acho que vou apenas torcer para que meu organismo se acostume com meu mais novo amiguinho, e que dessa vez vire bff (best friend forever) dele, porque ser cobaia cansa, viu?